Confissões musicais.
Gosto do Roberto Carlos. Inlusive de muitas das românticas. Certa vez escutei “Emoções” quatro vezes seguidas, cantando bem alto: “o importante é que emoções eu vivi”. Meus vizinhos são prova disso.
Quando estou na fossa tiro da estante meus discos de samba-canção. Dá-lhe Lupicínio Rodrigues, Cartola, chego a roubar alguns do Nelson Gonçalves que pertencem ao meu pai. Cada verso ajuda-me a cultivar a dor de cotovelo, as melodias dolentes são pontada certeira nesse peito fragmentado. Haja melancolia…
A primeira canção que aprendi a tocar no violão foi “O Pica Pau”. A gravação original é do Tremendão, bem na época da Jovem Guarda. Aliás Erasmo Carlos carrega consigo a sina de ter cantado no primeiro show que presenciei ao vivo. Eu tinha uns oito anos. E passei a apresentação inteira prestando atenção numa guitarra preta que eu achei a coisa mais linda do mundo!
Compuz uma música no tempo de criança. Lembro-me somente de um verso: “Mãe, apronta logo meu jantar que a minha fome é de matar.” Na harmonia, só dois acordes. Em minha cabeça, pensei que eu era um gênio.
Quando dependurei uma guitarra em meu dorso sonhei em ser rockstar sem camisa. Porém, nunca tive biotipo de astro do rock. Era louco para tocar de peito aberto em festivais de colégio, porém morria de vergonha. Virei adolescente bitolado que estuda oito horas de técnica por dia. Meus dedos ficaram ágeis. A timidez permaneceu a mesma.
Hoje finjo um bom gosto musical constante. Falo de Chicos, Caetanos, Jobins, Miles, Coltranes. Gosto de pianistas eruditos, passo horas conversando a respeito. Mas no fundo, bem lá no fundo, basta uma desilusão para eu lembrar dos “detalhes tão pequenos de nós dois”.
ecm
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