21.2.03

Domingo, 09 de fevereiro de 2003. (19:46)

- Alô.
- Fred?
- Quem tá falando?
- Sou eu, porra, Tatu.
- Qualé, rapá?
- Vai me zoar não?
- Por quê?
- O jogo, cara
- Quanto foi?
- 3 x 0 pro Flu.
- Ah!, se fodeu, otário!
- Vai tomar no cu, Frederico!
- Que que cê quer?
- Pô, me quebra um galho?
- Qual?
- Cara, sabe aquela tal mulher que conheci no chat, a Paula?
- Sei.
- Pois é, ela quer sair pra tomar um chope, mas eu tô na pilha de ficar aqui pela Vila Isabel mesmo. Tá rolando um sambão na rua do Claudinho e daqui a pouco o Martinho vai pintar pra dar uma canja.
- Tá, mas que que tu quer que eu faça?
- Véio, se ela ligar, diz que eu tive que levar um dos caras que vieram comigo pro Maraca ao hospital. Fala que ele tá passando mó mal.
- Só isso?
- É. Mas vê se não vai inventar de novo que eu fui resolver uma parada no Uruguai, porra. Aquela foi foda, Fred. Me queimou, seu viadinho.
- Hahahaha! É, foi foda mesmo. Mas se ela não acreditava que você pudesse ser capaz de ter paradas a resolver no Uruguai, então ela não te merecia.
- Valeu, mas nada de correr o risco de novo. Um abraço.
- Tchau.

Segunda, 10 de fevereiro de 2003. (10: 34)

- Alô.
- Eu poderia falar com o Fabiano?
- É ele.
- Oi, Fabiano, é Paula.
- E aí, Paula, tudo bem?
- Tudo. E você?
- Tô legal.
- E o seu amigo, como é que ele tá?
- Melhorando. Mas teve que ficar em observação.
- Caramba. Que chato, hem?
- Nem me fale. Tô chegando de lá.
- Sério?
- É.
- Deve estar cansadão, não?
- Pra cacete. Não dormi nada. Ele passou mal a madrugada toda, coitado.
- E quem tá com ele lá agora?
- A mãe dele veio de Paracambi.
- E o que ele tem, afinal?
- Essa é a parte mais chata, Paula.
- Ai, meu Deus. Por quê, Fabiano?
- Ele teve um choque hipoglicêmico.
- Que isso?
- Foi sim. E só depois a gente foi saber que ele é diabético.
- Não é possível, Fabiano.
- Pois é, menina. E olha que a gente já se conhece faz tempo. Nunca que desconfiei de nada. Mas ele também só descobriu no ano passado.
- Mas o que que houve? Ele tomou muita insulina?
- Ele disse pro médico que não. O lance foi que ele saiu de casa sem comer e ainda caiu na cerveja lá no estádio.
- Maluco.
- E irresponsável.
- E agora?
- Agora ele deve aprender. Depois do susto, né?
- Verdade.
- Mas foi horrível.
- Imagino. Ainda bem que você tava com ele.
- Foi sorte.
- Deu pra terminar de ver o jogo?
- De jeito nehum. Saí com ele pro P.S. do Maracanã e de lá levaram a gente pro hospital. E mandei que levassem pra um particular, mesmo sabendo que ele não tem plano de saúde.
- E quem vai pagar?
- Dei uma força, né? Se tivesse mais, até pagava tudo.
- Pô, vocês devem ser amigos mesmo, hem?
- Irmãos. Ele faria o mesmo se fosse o contrário.
- Depois dessa, acho que gostei mais de você, sabia?
- Ah, fala sério.
- Tô falando sério. Adoro gente que se preocupa com os outros. Principalmente com os amigos.
- Esquece isso, Paulinha.
- Quero mais ainda te ver. Pode ser hoje ou você tem que voltar pro hospital?
- Não. Mas o problema é que ainda tô muito impressionado, sabe?
- Acredito. Se fosse comigo...
- Não tô com muita cabeça pra sair.
- Posso te ligar amanhã, então?
- Pode.
- Então tá, gatinho. Amanhã a gente se fala.
- Valeu.
- Beijão.
- Tchau.

Seja qual for a situação, minta sempre. Um homem nunca pode usar de mais de 40% de sinceridade. E os que dizem que o fazem, só confirmam a minha filosofia.

o avião... o avião... Tatu

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