6.2.03

Vou parar de escrever. Quem já, como eu, descreveu um sujeito suicidando um cachorro, um desempregado que desossava a própria mulher, um bando de moleques matando um tiozinho usando sorvetes, um lixeiro que colecionava absorventes, uma mulher que comia o tapete da sala imaginando que era grama etc etc, fica desanimado ao ser, todo dia, ultrapassado pelas manchetes dos jornais mais conservadores. Depois dos estripados e enrabados de Fernandinho Beira-Mar, dos últimos lobos maus que decapitaram suas vovós e do casal de sertanejos que atirou o filho na janela de um carro em movimento [eu falo que música sertaneja faz mal, ninguém me ouve], a ficção tá ficando cada vez mais fraquinha para demonstrar as doenças da realidade.

Hoje veio a gota d’água. Na rua, um neguinho dava uma esculhambação num poste: “Sua louca, sai já daí! Sai já daí! Eu tô te sacando! Eu te conheço, viu? Vai tomar no meu cu! Vai tomar no meu cu!”. Chega. Daqui pra frente, vou escrever só singelas histórias infantis.

falsificado pelo . FAKERFAKIR Ronaldo Bressane

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