3.3.03

[constatação um] Andando durante horas, apática, sem prestar atenção nas pessoas e no caminho. Não pensa, suas pernas apenas se movem. De repente, como se acordasse de um sono, surpreende-se numa loja de departamentos na seção de copos e bugigangas para a casa. Seu insconsciente berrando por independência.

[constatação dois] Surpresa, e um tanto repugnada com sua ida inconsciente até a seção de copos, faz meia volta e vai para um lugar mais apropriado à sua consciência: prateleira de brinquedos.

[constatação três] Liga o piloto automático de novo. O cérebro pausado. Não pensa, mal respira. Olha pra baixo e só vê uma fileira de tampas coloridas, dos mais variados shampoos. Momento Homer Simpson: t-a-m-p-a-s--c-o-l-o-r-i-d-a-s!

[constatação quatro] No meio da escada rolante, se perde no limbo da mente, olhar estático, amarelado, pequenos vasos sanguíneos estourados. Não sabe mais se está subindo ou descendo.

[constatação cinco] Ou chuta a pomba, ou ela caga bem em sua cabeça. Um dia ela ou a pomba irá se vingar!

[constatação seis] Malditos piás de rua que emporcalham o já tão emporcalhado chafariz da Praça Osório. Morram de dengue, apodreçam no inferno. Saiam do caminho do curitibano emergente, da elite provinciana, façam verdade e dêem fé ao clichê.

[constatação sete] E se aquele velho podre que me encara na Praça Zacarias for mesmo o Dalton Trevisan? Miro na boca o chute?

[constatação oito] Em Curitiba, os punks, hippies e revolucionários, vendem poesias nas ruas e, quando chega perto das seis vão embora, tomar café e banho antes de assistirem a novela.

[constatação nove] A negrinha sentada atrás da banca na Carlos Gomes, afana a nota de um real do bolso da mulher, que injuriada, puxa-lhe pelo cabelo e grita: GIGÔLOA!!!

[constatação dez] O tarado do ônibus roça a ponta do dedão no braço gordo da morena. A morena tosse, pigarreia e olha feio. "Moço tá afim de...?" Olha com a gula do pecado, antes que ela termine a frase... "comer meleca"?

Ohh Baby, Don't Forget the Alcohol

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