23.3.03

O joystick

Fiquei embasbacado ao ler os artigos de Daniela Santos e Bianca Marotta na semana que passou. Ah, então quer dizer que somos desajeitados com as mãos, não? Pois eu digo o mesmo das senhoritas (não especificamente das nossas colunistas, reparem bem. Estou falando das mulheres em geral. Não me comprometam). Um amigo meu teve a mesma reação, e me mandou um email: "Por que você não escreve um artigo avisando a elas que o negócio não é joystick de Atari?". Coberto de razão esse meu amigo. E ele tem Pinto por sobrenome, sabe do que está falando.
Não, não me venham com reclamações. É dura a verdade, é difícil de engolir (reparem os trocadilhos, por favor), mas aceitem: O fato é que vocês são muito desajeitadas quando se trata do manuseio de nosso melhor amigo. E tenho historinhas para ilustrar isso.
Uma vez estava com uma garota num momento, digamos, íntimo. Depois de consumado o ato, virei-me para a garota e disse:
- Deixa eu adivinhar... Você foi criada numa fazenda, certo?
- Puxa, como é que você sabe?
- Ah, esse seu jeito inocente tem todo o bucolismo dos campos. Ao mesmo tempo, é capaz de se transfigurar, deixando transparecer o que há de selvagem em você.
- Que bonito isso!
Entendam, eu tinha que improvisar. Queria mais "momentos íntimos" com a garota. Mas a verdade é que soube que ela havia sido criada numa fazenda não pela inocência nem pela selvageria: Adivinhei porque ela me ordenhou de uma tal forma que, fosse eu uma vaca leiteira, teria rendido uns dois baldes. O que seria estranho.
Uma outra menina que conheci parecia ter transformado a inveja do pênis em puro ódio: Maltratou meu pobre companheiro com tamanho empenho que eu temi por sua sobrevivência. Ainda tentei dar um toque:
- Cuidado, assim você arranca ele!
Por alguma razão ela deve ter entendido que isso significava que eu estava gostando, porque apenas fez uma pausa, sorriu e depois retomou sua atividade frenética. PLÁ-PLÁ-PLÁ-PLÁ-PLÁ. Terminei a noite com lágrimas nos olhos e prometendo a mim mesmo que jamais veria novamente aquela psicopata.
Ah, são muitas histórias. E tenho certeza que os homens que lêm esta minha coluna têm muitas outras para contar.
Portanto, meninas, conformem-se: Vocês são tão ou mais desajeitadas do que nós. Mas não se preocupem: A prática leva à perfeição. Desde já me ofereço (sem interesse algum!) para ajudá-las nesse processo.
E só espero que nem a fazendeira nem a psicopata leiam isto.

Ombudsman do Clube da Lulu

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