13.5.03

As cinzas da vovó

A história a seguir foi completamente inventada por mim. Qualquer semelhança com fatos ou acontecimentos reais é...huh...mera coincidência. É isso aí.

Dona Ioná era uma senhora de idade avançada, mas perfeitamente lúcida. Sentindo que o seu tempo por aqui estava acabando, ela resolveu deixar tudo arranjado para não dar trabalho aos parentes na hora de sua morte. Decidiu que queria ser cremada, por isso foi até o cartório e preencheu todos os papéis referentes à cremação. Fez um testamento bem claro, explicando exatamente onde queria que suas cinzas fossem jogadas. Depois, passou os últimos anos de sua vida etiquetando cada ítem de sua casa com o nome da pessoa que deveria recebê-lo. Dona Ioná era muito metódica, além de mórbida.

Algum tempo depois desse esforço todo, a velhinha finalmente bateu as botas. Ela teria ficado muito satisfeita em saber que tudo correu segundo os planos dela e a cremação foi um sucesso. O único neto ficou encarregado de pegar as cinzas e dar a elas o fim escolhido. Antônio, neto de Dona Ioná, saiu do trabalho, apanhou as cinzas e foi para casa. Estacionou o carro na garagem e deixou a vovó passando a noite no porta-malas.

Na manhã següinte, sua esposa acordou cedo e pegou o carro para levar as crianças à escola. No caminho, começou a ouvir barulho de alguma coisa batendo no porta-malas. Quando chegou em casa, informou ao marido que seu carro estava fazendo barulhos estranhos. Antônio, desesperado, correu até o carro para ver se vovó estava bem, deixando sua esposa plantada no meio da cozinha. Abriu a mala e respirou aliviado ao ver o potinho branco (muito parecido com o de sorvete Kibom, por sinal) intacto na mala. Foi se vestir para o trabalho planejando despejar a vó no caminho.

Quatro dos lugares que Dona Ioná tinha escolhido como descanso final eram de fácil acesso e não seriam problema. Já o quinto era mais complicado: uma casa em que ela tinha morado na juventude, que agora tinha outros moradores. Antônio não se sentia comfortável com a idéia de bater na porta de um estranho e dizer: "Olá, posso jogar um pouquinho da minha vó ali no canto?", mas chegando lá, teve uma idéia que o pouparia desse ridículo. Antônio resolveu simplesmente jogar as cinzas por cima do muro, no jardim, sem que ninguém percebesse. Parou o carro, foi até o muro, abriu o potinho, pegou um punhado de Dona Ioná e lançou. Tudo teria dado certo, se não fosse o pequeno detalhe do vento. Antônio nem se preocupou em checar a direção do vento, que por acaso estava contra ele naquele momento. Uma grande parte de vovó acabou voltando e indo para o trabalho junto com ele. No final das contas, vovó acabou indo parar na máquina de lavar, onde deve estar até hoje, pelo menos em parte.

Moral da história: Nunca faça planos, sempre cheque a direção do vento e mantenha sua máquina de lavar bem limpinha.


Oba Fofia - um alienigena, um camelo e uma colher de pau magica

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