O sinal abriu faz uns 10 segundos e você nem percebeu. Estava olhando pro lado, para aquela parede branca sem significado. Alguém apertou a buzina, mas aí já era tarde demais, o sinal havia fechado de novo. Você encostou a cabeça no volante. Foi quando resolveu que não queria mais seguir em frente. De que adiantavam todas aquelas buzinas no seu ouvido, pedindo passagem? Você não estava a fim, porra.
Aí, você encostou a testa no centro do volante, disparando também a sua buzina, participando do coral urbano, ao meio dia, na Avenida Central. E chorou desesperadamente. Um cara desceu do carro e bateu nervoso na sua janela. Mas quando viu as suas lágrimas, falou baixinho, moça, estou atrasado, a senhora poderia encostar o carro por favor. E você falou ainda mais baixo, agora não. As buzinas estavam enlouquecidas. Então ele disse, algum problema, quer conversar? E você saiu, arrastando o carro a toda velocidade para não ter que dizer uma só palavra.
Depois, passou por todos os sinais, implorando para que eles fechassem. Você não estava a fim de seguir em frente. Foi quando o celular tocou e você viu o nome dele no visor. Não atendeu. Ele poderia ter enviado uma mensagem de texto bonitinha, pedindo desculpa, mas você sabe que isso também não ia adiantar. Então você freou o carro e o estacionou numa vaga bem apertada. Só para dizer que era capaz. Aí, sentou no calçadão de sempre e ficou a olhar o mar. A praia estava vazia, perfeita para toda a sua dor. Você comprou um sorvete, algo gelado, só para ver se a dor passava, se ela adormecia.
Foi quando ele chegou, pedindo perdão, dizendo clichês, fazendo uma cena. E puta que pariu, você é péssima atriz. Você e essa sua sinceridade extremada. Vá se foder. Olhou para a rua, os carros passavam, pensou em atravessar correndo para ser atropelada e se livrar de toda aquela situação. Mas você não estava, não estava mais a fim de seguir em frente.
Teorias da Loucura
14.5.03
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