14.5.03

A vida tem lá seus momentos de extrema poesia. Até mesmo na miséria. Hoje, vindo para casa, fui abordado por um mendigo. Não um artista, mas um mendigo. Ele me pediu, então:

— Tem uma esperancinha pro almoço?

Esperancinha. Esperança. Parei, ao pedido inusitado. Vasculhei nos meus bolsos e não achei esperança alguma. A maldita me escapara logo cedo.

— Desculpe. Não tenho nada — disse, atentando para o peso da fala.

Eu não tinha esperança alguma às duas da tarde.

O Polzonoff

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