Vinho tinto espesso e taninoso, um tanto de chocolate, um tanto de madeira, mas a língua sempre espera o gosto de outra língua que procura uma brecha entre meus lábios ainda úmidos e dentes levemente tingidos de púrpura. Um beijo que se insinua em lábios que esboçam um sorriso perverso que titubeia entre divertimento e ameaça, entre o carinho e o pecado. Os lábios roçam os meus enquanto sou farejada e o cheiro da pele incensa minhas narinas, carregado com o álcool perfumado. Dos cantos da boca, abaixo da junção da mandíbula, agulhas invadem a pele, e a água se espalha densa sob a língua - salivo como um animal à espera da primeira bocada. Nessas horas me encontro com o predador que sobrou em mim e que ao sentir o cheiro de sangue, pressente a presa ferida, pupilas dilatam, narinas se alargam e uma saliva grossa invade a boca. Não há presa, só o cheiro de sangue, no corpo de um vinho tinto.
já que não vem à montanha, Não Discuto
26.5.03
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