Clarice Lispector costumava escrever contos em que os personagens experimentavam epifanias. "Epifania" é uma descoberta interior, é o momento em que se põe a vida em frente a um espelho e se observa algo que não se havia observado antes.
Odeio epifanias, nem sempre elas mostram o que queremos (ou o que não queríamos) ver. Ontem, em companhia de algumas criaturas do cursinho, paramos em frente a uma loja de bijouterias e observamos os brincos. Elas escolhiam qual seria o mais bonito e eu constatava que eram todos grandes demais e cafonas demais. Enquanto elas estavam no "bibibi", sofri uma epifania.
Comecei a me lembrar de que,certa vez, li que existiam três tipos de solidões :
- a primeira, acontece quando se é só no mundo porque todos os parentes e conhecidos já morreram (e ,geralmente,quem sofre dessa solidão vai jájá morrer também).
- a segunda, é a solidão por opção, como quando sentimos necessidade de nos isolarmos para refletir sobre algo(ou simplesmente não refletir sobre nada).
- a terceira.. A terceira ocorre quando nos sentimos sós mesmo estando cercados por pessoas que estão conversando entre si( e, às vezes, estão conversando conosco!), e a única coisa que ecoa na cabeça é a nossa própria voz, repetindo(gritando)seguidas vezes " EU QUERO SAIR DAQUI".
Não deu tempo de gritar. Alguém me cutucou e, como sempre, fui a palhaça que faz todos darem risada enquanto a única que sente vontade de chorar nessa festa sou eu.
pífias epifanias do BooBlog
17.6.03
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