11.7.03

De acordo com a "Ciência dos Sentidos", há sempre um que prevalece. Algumas pessoas aguçam a visão, outras o olfato. No meu caso, a audição é essencial. Se assisto a pênaltis, faço questão de não escutá-los. Quando algo se quebra, meu primeiro reflexo é tampar os ouvidos. Posso ver, mas não posso ouvir. O que dizem é sempre mais importante do que o que fazem sob meus olhos. Consigo guardar frases exatas, datas e situações contanto que digam. Minha memória fotográfica é tão poderosa quanto a de uma lontra, mas a auditiva nunca erra. Discutir comigo chega a ser algo constrangedor, visto que disseco o discurso alheio e meço todas as palavras. Não há letra que passe despercebida por meus ouvidos. Sou incapaz de realizar um olho-no-olho por mais de 3 segundos, mas consigo discutir durante horas a fio. Ouço, ouço, ouço. Não há como nivelar, no meu caso, a audição aos outros sentidos. Talvez o Sexto exerça lá sua função, porém sou incapaz de vislumbrar acontecimentos felizes. Parece absurdo, mas meu Sexto Sentido surge somente quando o futuro apresenta alguma forma de dor. Dessa forma, vale frisar que odeio pressentir. Sou mais ouvir, mesmo que a música ou as palavras não sejam aquilo que espero.


como um orgasmo tântrico: demora mas é melhor

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