25.7.03

No Mesmo Lugar

Ela esconde seus dedos entre meus cabelos, terra negra de grãos grosseiros, armadilhas de teias construídas de segredos, rede física para meus pensamentos.

Ela derrama sensações esquecidas entre meus beijos, abismos tornados planícies pela erosão de minhas defesas. Caminha leve por minhas esquinas, transformando becos sem saída em avenidas, água parada em correnteza.

Ela me abraça delicada nas pontas dos pés descalços, os lábios como papel de seda, mas sempre acorda o amante em mim.

Porque qualquer sentimento se intenso beira o material, ganha carne e escorre sangue, molha com a chuva, voa com o vento. Qualquer sentimento se imenso ocupa lugar no espaço, e dois corpos não podem coexistir no mesmo lugar.

E por isso, meu amor, o lanço entre nós dois, para que nos ligue indefinidamente como atalho entre o que sentimos e o que urgentemente precisamos no meio da noite nos falar.


taquicardia do Cardiotopia

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