28.9.03

Feliz Natal, agora sem crase.

Passei os dois primeiros anos da minha vida em Catanduva, a gente tem uma casa lá.
Toda páscoa, natal e outros feriados que por praxe são comemorados com parentes, a gente ia.
Eu falo especialmente do natal e da páscoa porque eram épocas dolorosas pra mim.
Antes mesmo de dar meia-noite eu fazia questão de ir pra cama nesses tempos festivos.
Nunca quis esperar nem papai noel e muito menos o coelhinho da páscoa.
Então lá estava eu, na cama, ouvindo os risos da sala, deixava todas as luzes do quarto e do corredor acessas.
Quando dava meia-noite eu ouvia o relógio da sala bater, enfiava a cabeça debaixo das cobertas e começava a rezar para que papai noel não viesse.
Tinha umas alucinações terríveis daquele velho de roupa vermelha rindo alto com um saco de presentes nas costas. Era um pesadelo.
Gritava logo em seguida a minha mãe, mas nunca tive coragem de relatar meu medo a ela, só pedia insistentemente para ela ficar ali comigo. Ela dizia que não podia, que vovó e vovô estavam na sala com os titios e titias e ela não podia deixá-los.
Passava o resto da noite com a cabeça debaixo da coberta cantarolando alguma música da Xuxa pro meu medo passar.
Eu sabia que era minha mãe que comprava os presentes, eu sabia que a vovó e o vovô também compravam presentes, entretanto a idéia do papai noel é tão fixa quando se é criança que chega a atormentar.

Futuro papais e mamães, não mintam para seus filhos sobre o "bom velhinho", seu filho pode crescer e se transformar em uma pessoa atormentada e medrosa como eu.

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