29.9.03

mas antes disso, o casório 

(...)

Então ia chegando em casa tirando a roupa no elevador porque não é possí­vel que eu vá chegar atrasada, por que, hein? Por que eu sempre faço isso? Por que não pode ser calmo e tranqüilo, o que acontece? E tavam as duas crianças (os meus pais) ainda à paisana. Não creeeeio! O que vocês tão fazendo que num tão prontos??? "Oxe, e tu tá prontinha mermo, né? Sabe que horas são? Rá! Nunca vai dar tempo!", na verdade eu acho que minha mãe gosta quando eu faço merda, porque ela pode criticar à vontade, mas aí com razão.

O jogo do Sport rolando no rádio àquela altura insuportável, eu gritando de cá, minha mãe gritando de lá e meu pai gritando "CALMA MENINAS!", meninas, meu pai é ótimo.

Mas aí chegamos, e faltava metade das pessoas ainda. Incluindo aí meu próprio padrinho-par, LF. Ohdeus, cadê LF?

Essas carreiras todas e LF, que num precisa fazer cabelo nem unha nem sobrancelha nem maquiagem nem operação milagreiro pro vestido entrar, LF que é um simples hominho, LF não estava lá.

- LF, cadê tu?
- Cris! Tô perdido!
- LF, por que tu é assim? Se ache logo, vá, meu filho.

Tava perdido nas ladeiras de Olinda, como se fosse carnaval. Uma vez até encontrei LF deitado na sarjeta. No carnaval de Olinda, foi. Abandonado, entregue às baratas. LF, LF, tu tá bem? LF? E ele acorda como se nada tivesse acontecido e ele não tivesse deitado na sarjeta, "Cris!" e dá aquele abraço que lhe derruba e lhe deixa hematomas. A pessoa exemplo do ser sem-noção.

Mas se achou e chegou. Pedindo preu lhe ajeitar a gravata, como se. Nós somos o casal no mundo que nunca deveria ser padrinho e madrinha de casamento de ninguém, eu e LF. As pessoas escolhem a dedo mesmo.

Carola e Eric, os casadoiros. Minha amiga melhor de todos os tempos. Mas não é porque ela é minha amiga melhor de todas que eu vou virar material digno de madrinhação. Não é.

E sempre aquela questão dos sapatos. E do vestido longo demais e do sapato pisando no vestido e um risco de 64,8% de chances de você se estabacar no tapete vermelho ou naquela escadinha ali.

- Cris, me guia! Me guia que eu num sei nada como é que se faz. A gente tem que falar alguma coisa?
- Creio em deus-pai que não!
- Se a gente tiver que falar, tu fala.
- Oxe. Marminino...
- E tu vai me levando, visse? Eu tô meio bêbo.
- Ai, LF. Aiai. Tu sabe que eu tenho grandes chances de cair e esperava que tu me apoiasse nessa hora difí­cil, e tu bêbo, e agora?
- Mas se tu cair eu te seguro!
- Eita. Se ajeita que começou a música.
- Merda, Cris. Me guia!
- A gente vai cair.
- Vai, ri aí que o povo tá olhando. Oxe, por que tua mãe tá chorando?
- E eu sei? Vai ver ela tá tendo alucinações que eu tô casando contigo.
- Aimeudeus.
- Mas não fuja, que jajá ela cai em si.

Ele deu uma tropeçadinha numa dobra do tapete, mas era já lá na hora de sentar e acho que ninguém viu. Foi, segurei eu. Não se pode contar com homens pra mais nada.

tsc.

E o casamento foi legal. Carola tava linda, Eric tava com cabelo de pastinha e até parecia gente. E se há pessoas que merecem a felicidade, tão lá, são os dois. Meus mais queridos.

Minha mãe chorou mais e ficou dizendo o tempo inteiro que nunca ia me ver de vestido de noiva, mas a vida é assim mesmo. E que do jeito que as coisas andam, ninguém aqui em casa vai casar. Estamos todos "dramatizados", e um donzelo. Aí entrou numas brabas de 'onde foi que eu errei?', que chega fui pegar bebida pra ela. Toma, mãe. Toma que tá gostoso.

(...)

mais? no autonauta da cosmopista

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