17.9.03

O bam bam bam na rodoviária

Tio Cláudio sempre foi o bam bam bam , o mais velho , queridinho da vovó.
Notaram a entonação de voz?
Sempre foi alvo de sátiras, pelas costas, é claro.
Uma coisa pode ter certeza, tudo que é dito na cara aqui, é mentira e se for verdade passa ser mentira logo em seguida.Nunca vi gente pra ser indecisa em opiniões alheias.Não é falsidade, é reciclagem de idéias.
Voltemos ao Tio Calaláudio (apelido dado carinhosamente pelo tio Alex).
Época de Natal, tudo é festa, todos organizando a comida pra Ceia e o Calaláudio liga da Rodoviária em São Paulo dizendo que vai chegar tal hora em Pinda e quer que alguém vá buscá-lo na rodoviária.Tremenda frescura, custava pegar um táxi? Não moramos nem há 1 Km da rodoviária, isso foi motivo suficiente para planejarmos a sua chegada.
Enchemos bexigas coloridas,preparamos faixas para recepcioná-lo na rodoviária,camisetas escritas com pincel atômico e alguns instrumentos de percussão.
Eu e mais meus outros primos subimos na caçamba do carro do Ricardo, outro tio, irmão dele, e fomos para a rodoviária fazer a recepção.Chegando lá, avisamos ali onde os ônibus embarcam que em breve chegaria de São Paulo o Presidente do Clube Gay do Estado de São Paulo.
Colamos as faixas, todos com bexigas coloridas na mão , máquinas fotográficas, e uma batucada irritante :
- Queremos o Cláudio, Queremos o Cláudio, Queremos o Cláudio!!!
Quando o ônibus chegou , ele desceu, começou uma gritaria gaystérica, minha prima pulou no pescoço dele , foi a outra e tirou uma foto, quem estava em volta começou aplaudir,outros assustados e conservadores achando tudo aquilo um absurdo.
O motivo dele querer carona era porque dentre as coisas que ele trazia era um Peru de sei lá quantos quilos, e a gritaria mudou o rumo:
- Cadê o Peru tum tum tum , Cadê o Peru tum tum tum , Cadê o peru tum tum tum ....
O funcionário da rodoviária tirou a bagagem dele e tinha a caixa de isopor,com o Peru dentro, que ele mesmo, o Cláudio, tratou de pegar e sair correndo dali da rodoviária , tomado de vergonha com a batucada que seguia :
Queremos o Peru, Queremos o Peru ,Queremos o Peru, Queremos o Peru.
Subimos todos na caçamba e ele foi na frente .
Quando ele achou que tudo tinha se acalmado meu tio puxou o novo coro:
Tu é gay , tu é gay que eu sei.
E assim fomos embora , rodando a cidade , fazendo A festa, descontando inclusive os anos de puxassaquismo da minha avó que tínhamos que agüentar.
Nunca mais ele pediu carona.

Casos e Acasos Virtuais

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