1.9.03

Wild Horses

Numa das costumeiras madrugadas geladas da cidade, das quais nem as puteens da vida resistem nas esquinas, eu retornava ao lar em meio à rotina minha de sempre. Tudo absurda e absolutamente normal/igual. Até que eles surgiram: cinco cavalos e seus respectivos donos, saídos de uma maloca qualquer, rasgando a neblina e invadindo a pista bem à minha frente.

Não eram alazões fogosos; apenas pangarés movidos à berne. Tampouco grandes jóqueis; só pobres e pequenos adultos cuja fome de sobra presente no dia-a-dia devia ser saciada pela fome de vida mostrada à noite. Verdadeiras crianças do apocalipse, que sabedeus se terão a chance de um dia se tornarem caval(h)eiros. Sei lá. Só sei que foi quase uma cena de ficção. Uma tela surreal, que só se revelou verdade porque um deles deu com a mão pra mim, antes de se embrenhar novamente pra onde eu não poderia mais acompanhar.

Isso é tudo, mas isso tudo não é nada. Tudo mesmo é o que os meus cúmplices Mick Jagger, Keith Richards, Mick Taylor, Bill Wyman e Charlie Watts, naquele exato instante, deixavam escapar pelo dial da 96 FM:

"Wild horses couldn't drag me away/ Wild, wild horses, we'll ride them some day..."

Juro por Deus.

MegaZona

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