20.11.03

Hello?

Naquele outro dia eu comecei a falar sobre meu pai e saiu outra coisa, o que eu queria dizer mesmo é que tô começando a ficar preocupada.
Explico: meu pai é uma espécie de figura folclórica aqui da cidade, todo mundo conhece e tem alguma coisa engraçada pra contar dele, inclusive eu.
Mas a última nem é muito engraçada porque é uma espécie de "piora", sabe? Ele não atende mais o telefone (o bichinho fica tocando, tocando e ele, todo cara de paisagem, do lado).
Se atende não diz "alô". Parece aquelas promoções de rádio: "não diga alô, diga FM 93 e você ganha um ingresso para o forró de sábado no Tramontina's Club!". Ele não diz nem alô, nem FM 93, nem nada, fica lá, mudo, com um olhar acusador para o pobre do aparelho. Ele tem certeza que é um trote e vai vencer o energúmeno do outro lado da linha pelo cansaço no cabo-de-guerra de quem vai falar primeiro.
E também não desliga depois. O trequinho fica lá, piiiiiiiiii, e ele nem tchuns.
E eu, ligando desesperadamente pra casa e pensando que é outra crise adolescente de minha mãe.

(Pra quem não sabe, Tramontina's Club é um apelido carinhoso e genérico para todos aqueles lugares barra-pesada onde tem briga de faca e a gente fica vendo as faisquinhas de longe.
Coisa daqui de nóis.)

Arroz-de-Leite, agora com cheiro de caju!

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