25 de janeiro
Já se falou demais dos 450 anos de São Paulo. Dona Nilda, que é tão apaixonada pela cidade quanto eu, comentou isso comigo dias atrás. Porque, por mais que se ame São Paulo, paciência tem limite. Deixem minha cidade em paz, caralho!
Eu só queria descrever algo que me aconteceu dia desses: desci no Metrô República e estava andando pela praça na direção da São João. Umas onze da noite, acho. Logo na saída do metrô, um grupo de bolivianos tocava suas flautas de bambu, tambores e instrumentos de corda esquisitos. Só que, em vez do repertório de sempre, ao centro da roda duas mulheres faziam um desafio improvisado, como repentistas. Mais para a frente, um grupo de velhos engraxates, bem conhecidos de todos que andam pela região, tocavam um baião de Luiz Gonzaga usando instrumentos típicos de samba (pandeiro, tamborim, timba, repique). Já na Avenida Ipiranga, um negão e um japonês andavam de mãos dadas, e olhavam-se amorosamente.
Isso, pra mim, é São Paulo: mistura, harmonia, ritmo, improviso. E veadagem. Puta que pariu, como tem veado nesta cidade!
Jesus, me chicoteia!
27.1.04
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