1.2.04

É mesmo muito difícil crescer. É difícil sair da barra da saia da mãe, da proteção do pai pra encarar a vida, ganhar dinheiro, pagar contas (com o próprio salário, não com o dos pais), ter que sair pra comprar papel higiênico (porque ninguém fará isso pra mim, e seria lamentável ter que me limpar com jornal, ainda mais porque não tenho jornal).
Já haviam me falado várias vezes que depois que se sai de casa a relação com os pais toma outra proporção. Eu achava que era história. Mas na hora que a situação apertou, quando o desespero bateu, o que eu mais quis foi voltar pra minha casa, pra casa dos meus pais, pro meu quartinho, levar xingo, escutar reclamações, lavar a louça de seis pessoas, e não só de uma.
Por mais que meus pais não leiam meu blog, e nem sequer saibam da existência dele, queria declarar o meu amor a eles. Amor à minha mãe e ao meu pai, que me viram chorar sábado passado e que, apesar de não terem me abraçado, choraram comigo. Amor à minha mãe que viajou com o coração apertado e ao meu pai que me buscou às 10 da noite pra me levar pra casa e não me deixar sozinha.
Agora eu fico aqui me sentindo a pior das criaturas por tê-los julgado tão mal por tanto tempo. Precisei encontrar uma megera em minha vida pra me dar conta, finalmente, de como eu sinto falta de tudo o que tanto desprezei até então.
Agora chego em casa, às vezes triste, às vezes alegre, e não tenho com quem conversar. Daria tudo pra ter meus pais aqui me xingando pela louça sem lavar, pelo quarto desarrumado, enfim, por uma voz conhecida nesse apartamento. Quem sabe eu pararia de falar comigo mesma em voz alta, de considerar o porteiro um amigo íntimo e o apresentador do tele-jornal alguém que faz parte do meu cotidiano.

Quero colo. Estou leiloando uma megera em troca de uma passagem só de ida de volta pra casa.

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Mauricio, o futuro da humanidade

Veio de Ponta Grossa pra ficar comigo esse final de semana. Imagino como está sendo penoso pra ele, visto que ele está assistindo "Sétimo Céu", a nova novela do SBT.
Devo ser muito chata.

Blog de uma Cucaracha

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