14.2.04

Os limites da amizade

Ontem encontrei uma amiga minha, uma das minhas melhores amigas, aliás, que me contou que conhece um dos 03 caras que fizeram aqueles dois rapazes se jogarem do trem, aqui em Mogi. O que até hoje não se apresentou à polícia estudava em sua sala.

Pouco tempo depois do ocorrido, alguns amigos do sujeito ligaram para o namorado dela, que também era bem próximo do dito cujo, para que fosse visitá-lo em seu "esconderijo", pois estava abalado, precisando de uma força e tal. A reação do namorado da minha amiga foi algo como "Mas ele não é meu amigo mais... porra, o cara é um assassino, e vocês querem que eu vá lá dar força pra ele? Ele que pague pelo que fez sozinho!".

Aí eu fiquei pensando em como eu reagiria no lugar dele. E se aquela moça com quem conversava, que estava ali do meu lado, e que tanto amo, cometesse um crime hediondo? Se matasse, ou fizesse muito mal a alguém? Seria certo virar as costas para ela?

O que constitui uma relação de amizade? É possível haver companheirismo para todas as horas, todas mesmo? Até mesmo aquelas em que o seu amigo faz coisas absolutamente condenáveis do seu ponto de vista ético? Para mim, sentimentos de amizade têm muito de admiração também. Admiração pelo caráter do outro, seu jeito de ser, de ver a vida, de se relacionar com o mundo. Questionei-me se a amizade pode continuar existindo mesmo depois dessa "admiração" ser fortemente abalada. Se é possível apoiar seu amigo sem sentir-se seu cúmplice em algo que você condena.

Nenhuma resposta para aliviar.

Não sei dançar.

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