6.8.04

POTOCAS

Acho que abaixo dum certo QI, religião devia ser obrigatório. E daquelas bem duras, que não pode usar calça, nem batom, nem ver TV, nem raspar o sovaco.
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Vixe, como tem blogueiro apaixonado, mandando recadinho secreto, que coisa linda. Só o amor constrói etc etc...
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Itatiba again. Planejamento de curso, aulas brotando, orçamentos, escolhas.
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São quase 5 da manhã e eu deveria estar no décimo sono, isso sim. Meu marido, 5 anos, dorme agarrado na girafa e fala dormindo.
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O que faz uma menina de dez anos? Como é uma menina de dez anos? Já se angustia por querer ser adolescente, ainda brinca de bonecas, ainda brinca com os sapatos de salto da mamãe? Quer ter peito logo ou não quer ter peito nunca? Ainda vem no colo ou já está grande pra essas coisas? Eu sofro duma misericordiosa amnésia, não me lembro de praticamente nada da minha vida abaixo dos 27, 28 anos (é a pura verdade), só coisas muito específicas, muito específicas, não me lembro de como é ter dez anos. E sem auto-piedade nenhuma, acho que nunca saberei. Apenas uma constatação.
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Na estrada nenhum caminhão. Esquisito. Pronde foram eles todos?
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Gosto muito de casas com mesas de cozinha gigantes, sólidas, de madeira escura.
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A gata Margarida soube que eu cheguei. E me trouxe um ratinho morto, cinzento e de olhinhos abertos de presente. Estou comovida.
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Fumo minha derradeira cigarilha da madrugada no terreiro de café, no pátio antigo. Sentado do meu lado Seu Carlos, peão, vigia, tratador, jardineiro, motorista, lavrador, pau pra toda obra. Ele pica fumo como o meu bisavô, com um canivete sem ponta e enrola seu cigarrinho e fuma feliz da vida. Me disse que esse negócio de cigarro fazer mal é invenção desses "bando de médico capado que só quer ganhar dinheiro". Perguntou porque eu nunca vou à missa quando estou aqui na fazenda dando aula. Eu respondi, e ele disse que não gosta de padre, mas que vai à missa porque a estátua da Virgem tem a cara da mãe dele.
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Estou letárgica. É como um filme meio fora de foco, cujo final já conheço. Tá certo, eu nunca fiz o modelito "mulher muderna, ativa, propaganda de moddes", mas estou mais lerda que nunca, nem bicho grilo, mais lerda, nem vitoriana, mais lerda ainda, barroca, me sinto usando veludos pesados, fazendo penteados complicados, bebendo vinho em taças de metal e posando para retratos 7, 8 horas por dia. As pessoas, as coisas, é como se não fosse comigo, é como se fosse um filme do SBT passando na TV do vizinho, é como quando a gente ouve a porta do elevador abrindo num outro andar (só quem mora em prédio de pobre feito o meu entendeu essa).
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Escrevo num lépitópi pirata, numa conexão discada que não é minha, meu uol tá esquisito, tenham paciência comigo.

chupado do ¡Drops da Fal!

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