15.2.05

O Poder vai Sambar

"Quem não gosta de samba
Companheiro não é
Pêfêlê na cabeça
Pega ele, Josef !"

Entra na Esplanada a escola de samba mais esperada pela platéia que deliiiiiiira: o Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos dos Três Poderes ! Neste ano, o carnavalesco Zé "Stálin não Morreu" Dirceu, com a generosa ajuda do corretor zoológico Carlinhos Cascatinha, resolveu ousar e explorar temas mais controversos, como o deste ano: "Fome Zero é coisa de rico, pobre gosta é do IBGE". No ano passado, todos estão lembrados, o enredo "Cotas e cocotas: eu quero ver o negro entrar" foi objeto de muita polêmica, principalmente por causa da ala "Vem neguinho, miscigenar é gostosinho", que falava dos trotes cruéis pregados nos estudantes negros pelas sociólogas da PUC. Zé promete que neste ano os carros alegóricos baseados nas metáforas presidenciais ficarão além de tudo que já se viu na Esplanada.


Aqui, uma avaliação que nossos experts fazem da possível pontuação da Unidos dos Três Poderes nos quesitos da Liga das Escolas de Samba de Davos:

Harmonia: são julgados o comportamento da escola, o entrosamento dos integrantes, a coordenação e o sincronismo entre canto, ritmo e a coreografia na avenida. Neste quesito a Unidos não deve pontuar bem, já que as alas da esquerda, da direita e do centro vivem trocando de lugar, confundindo os jurados, o público e os cientistas políticos.

Evolução: trata-se do andamento da dança de acordo com o ritmo do samba-enredo e a bateria. Nesse quesito, não há dúvida de que a escola aprendendeu a dançar conforme a música, abandonando marchinhas antigas como a "do povo, unido, jamais etc.", em prol de arranjos mais modernos, como a da bandinha de música da UDN.

Enredo: os julgadores analisam o argumento do tema central escolhido pela escola. A escola não deve alcançar boas notas, pois o enredo deste ano é confuso e, o que é pior, parece imitar o de carnavais passados.

Alegorias e adereços: concepção plástica do enredo. São julgados originalidade, propriedade, cores, movimento e efeito. Este é o quesito onde a escola tem consistentemente ganho mais pontos, porque os carros alegóricos _ desde o aerodinâmico Aerolula e as Aeromoças do Barulho até o dramático A Luta entre a Fome e a Anorexia no País dos Obesos _ incendeiam a imaginação da platéia.

Fantasias: são julgadas em relação à criatividade, cores, efeito individual e coletivo, variedade e adequação. Como desde o ano passado o carnavalesco tem estimulado os integrantes da escola a rasgarem a fantasia assim que pisam na pista, as notas têm sido baixas, já que sobra pouca fantasia para permitir qualquer avaliação.

Comissão de frente: os julgadores devem levar em consideração o cumprimento da função de saudar o público e apresentar a escola na avenida. Os integrantes têm que estar em perfeita coordenação e harmonia. O interessante é que a escola resolveu inovar criando, além da comissão de frente, as comissões de lado e as comissões de trás. O aumento excessivo de cargos em comissão vem fragilizando as finanças da escola, que por isso, instituiu mais uma comissão, a comissão dez por cento.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira: casal que carrega a bandeira da escola. São observados a postura, a elegância, a graça e a leveza da Porta-Bandeira. Já o Mestre-Sala é avaliado na flexibilidade, variedade de passos, cortesia e proteção à bandeira. Aqui a escola vem tendo problemas, já que o Mestre-Sala da Silva não é propriamente flexível e leve, embora seja um mestre em dar bandeira. Já a Porta-Bandeira é mais conhecida pelo prenome, "Porta".

Duração do desfile: O tempo de duração do desfile de cada escola de samba será de, no mínimo, 65 minutos, e, no máximo, 80 minutos. Neste quesito também é provável que a escola ganhe poucos pontos, porque há boatos de que findo o desfile o carnavalesco pretende trazer de novo a escola para a pista, quantas vezes forem necessárias pro povo aprender o samba de uma nota só.

SMART SHADE OF BLUE

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