27.4.05

Hoje olhei minha cara no espelho e não era eu. Estou sem dormir há três noites. Dói tudo, o coração também. E me sinto doente terminal. No fim do feriadão já não estava bem e fiquei quase oito horas esperando um ônibus, na rodoviária mais escrota que já conheci. Viajei a madruga toda acordado. Desci no metrô de São Paulo e pensei que estivesse em Tóquio. Não me lembro de ter andado para embarcar. Tava no meio da multidão e ela embarca em bloco, uma coisa só, que se movimenta e passa pela porta, uns grudados nos outros. Uma espécie de levitação coletiva. Na troca de trens foi pior. Só uma parte da multidão conseguiu entrar, e eu fiquei na borda da plataforma, muito além da faixa amarela, o trem voando perto da minha orelha. Meus joelhos já estavam estourados quando vi a escada rolante na mesma situação. Quebrada. Saí da estação levando a mochila direto pro trampo, não podia atrasar. Estranharam a minha cara quando cheguei. Voltei pra casa 10 da noite, a luz cortada, não lembrei de comprar vela, caí na cama de tênis e roupa na ilusão de que iria dormir. E dormi. Meia hora. Alguns litros de café me mantêm agora num estado lusco-fusco, não tenho certeza de muita coisa. As pessoas continuam estranhando a minha cara no trampo. Tenho que tomar remédio ou já tomei? Não estou reclamando, só fazendo um registro, é assim que se diz? Amanhã vai ser outro dia.

A vida é bela no catarro verde

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