31.1.09

That´s it.

"O fato é que queiramos ou não todos nós somos viajantes no tempo. Com um ticket só de ida."

O Hermenauta

24.1.09

DIÁLOGOS BOBOS 2009 - PRIMEIRA EDIÇÃO

- ... e eles disseram que o filme fala, entre outras coisas, da infalibilidade papal.

- "Infalibilidade pa pau" pra mim é slogan de Viagra.

- Cê tá ficando mais anticlerical do que eu, hem ?

- Por que, só porque eu chamei o banco da igreja de Banco Lombrosiano ?


Cyn City

12.1.09

APROVEITANDO A ABERTURA

Quero ser o primeiro a aproveitar a abertura.

Um de vocês disse que a publicidade é uma das pragas deste mundo. Estou de acordo. Mas ela nem sempre é bem paga.

Vejam este exemplo: o dono da padaria aqui da esquina quer botar uma foto minha quando reinaugurá-la - está em reforma. Outro dia tomei lá um suco de melão e comi um pãozinho aqui em São Paulo chamado de pão francês. Muito bem: ele pediu minha "comanda" -- conta -- e falou: "O pãozinho você não vai pagar".

Veja que horror: um pãozinho custa 30 centavos. Estou com 72 anos de idade. Se eu viver até os 100 anos, como só vou à padaria mais ou menos uma vez por mês, a publicidade da qual estou participando vai me render, em 30 anos, cerca de 67 reais e 30 centavos.

Presumindo que ele mantenha essa cota de cortesia.

A polícia, por exemplo, está ganhando mais. Quando para lá um carro de ronda, os dois policiais tomam uma média e um pão com manteiga e nenhum deles paga nada. Logo, a publicidade está muito por baixo. Pelo menos a minha.

Abraços,

Tom Zé

O maior espetáculo da Terra

Na virada do ano, os abreu-polzonoff praticavam uma de suas atividades favoritas - dormiam e sonhavam profundamente com blinis - quando foram acordados pela truculência dos festejos alheios. Corri para o quarto do pequeno czar, que abria os olhinhos atônito e dizia:

[Davi]: Uéee. Uéee. Uéee.

Assim que expliquei que, calma filho, são apenas festejos do populacho, ele virou para o lado e voltou a dormir, pois um homem, por mais jovem que seja, precisa ter suas prioridades.

Voltei para a suíte master e encontrei Paulo à janela, apreciando os fogos da Paulista à direita e, à esquerda, fogos que desconfiei serem do Morumbi Shopping, mas que Paulo imediatamente disse estarem perto demais para isso, e que deviam é ser da favelinha ali do lado.

A qualidade dos fogos era excelente - fazendo frente aos da Paulista -, donde concluímos que ter uma favelinha deve ser um ótimo negócio.

Colados na janela e fazendo rodinhas de bafo no vidro, apreciamos por alguns minutos o espetáculo de luz e barulho infernal.

[Paula]: Bonito. Mas não tem nada como passar a virada do ano em Copacabana vendo os fogos de uma cobertura.

[Paulo]: Ih, baixou a Paula provinciana…

[Paula]: Chame como quiser, mas não há nada como estar lá do alto, olhar para cima e ver aquele show de fogos, olhar para baixo e ver aquele…show de horror.

[Paulo]: Hahaha, achei que você ia dizer outra coisa.

[Paula]: Mas o que mais eu poderia dizer daquele mar de gente feia, suada e pobre?

Momento de reflexão.

[Paula]: Fora que aqui os fogos são super sem graça. Tudo igual. Bola. Bola. Bola verde. Bola. Bola azul. Bola. Chuva de estrelas. Bola. Bola. Bola. Não tem aqueles fogos-com-formatos-bizarros-que-você-nunca-entende-na-hora e fica todo mundo olhando um pro outro e perguntando: e esse, o que era? você viu?, para, no dia seguinte, ler no jornal que “praia de Copacabana tem fogos com formato de astronauta pisando na lua, tropeçando, dando um salto mortal com duplo twist carpado e caindo com a cara numa torta de morango” e você não viu porque estava olhando para a porra do outro lado onde só tinha bola. bola. bola. ou você viu mas não entendeu, porque olhou um pouquinho atrasado e só viu fumaça, ou você viu mas não entendeu porque olhou do ângulo errado, sendo que todos os ângulos são errados exceto o do sujeito que projetou a porra dos fogos com formato bizarro.

[Paulo]: Eu olho e só vejo sempre bola. Eu acho que não nada diferente, só as pessoas que ficam bêbadas e acham que estão vendo coisas.

[Paula]: Não, você vê que é bola, mas de repente nota que é uma bola menos redonda, e de uma cor que não-é-verde, então SÓ PODE ser alguma coisa mais interessante que você não está entendendo.

[Paulo]: Por falar nisso, abre aí o UOL pra vermos qual foi a palhaçada desse ano.

(…)

[Paulo]: É por isso que eu gosto da imprensa brasileira: comentando os fogos em CINGAPURA.

[Paula]: Calma, é que numa hora dessas ainda estão os peritos reunidos confabulando sobre os formatos bizarros dos fogos desse ano.

E enquanto olhamos o G1, Ig e outros sites de notícias em busca dessa informação relevante e indispensável para que possamos voltar a dormir sossegados, começamos a ouvir NOVOS fogos. A. Uma. Da. Manhã.

[Paulo]: São os pobres do horário de verão.

Ah, sim, tá explicado.

E agora, por favor, voltemos a dormir.

paula

Diálogos Impertinentes (Cap. 3)

Ontem à noite, João Carlos Teixeira Gomes, o Joca, lançou o romance Assassinos da Liberdade, no LIvraria Tom do Saber, no Rio Vermelho. É óbvio que não compareci. Minha religião não permite a ida a noite de autógrafos. Mas, em verdade vos confesso: depois que soube do edificante diálogo travado entre Oleone Coelho Fontes e Guerrinha, lamentei não ter contrariado os tais ensinamentos religiosos. A referida conversa pagou o ingresso. Ouçam.


Oleone (exaltado): “Não existe figura mais execrável na história da Bahia do que Waldir Pires”.

Oleone (mais exaltado ainda): “Não existe figura mais execrável na história da Bahia do que Waldir Pires”.

Guerrinha (depois de olhar fixamente para o interlocutor responde mansamente): “Não se subestime Oleone”.

ingresia

Ecos de viagem …agem …agem

Depois de 4370 quilômetros e 800 metros percorridos no trajeto que liga São Paulo a São Paulo (via Salvador), cheguei a algumas importantes conclusões:

• Branco Leone é um sujeito totalmente desconhecido no eixo Iconha-Uruçuca;

• Franciel Cruz é um grande cara, mas tem um defeito;

• A geladeira de isopor é o artefato que permitirá a conquista do Nordeste pelos paulistas;

• O ar-condicionado também;

• O Peugeot 206/1.6 deveria ter seis marchas para a frente;

• A temperatura de trabalho do meu cérebro é menor que a da minha máquina fotográfica;

• Itabuna é uma das cidades mais importantes da Grande Buerarema;

• Perdemos o estado do Rio de Janeiro para a Universal;

• O Espírito Santo ainda não, mas vai a caminho;

• A Bahia estará salva enquanto houver o Candomblé.

bl

A minha cabeça em Cobol...

n=0;100;
think = n;

For n = 0;
Think then produce;
If produce = 0 then think more;
loop think till depress;
When think impossible then dump rational reasoning;
If think without reason produces monty python shit then write;
else think without reason more till hallucination;
If think totally impossible then drink;
If no more hard drinks in bar then smoke;
If visions are satisfactory smoke more till nirvana;
If nirvana equals happiness then sing else search for razor blade;
If razor blade blunt cuss and swear at manufacturer;
If razor blade sharp put water in bath then change mind and sing again;
If sing = non thought = some hallucination = monty python then
write "tranquility found" program end else restart.
end

asilo suave

Sensual sem ser vulgar

Ele roubava calcinhas, mas era pra vestir / Aos quarenta morando co'a mãe entrevada na cama, ele cozinhava só de calcinhas / Um ônibus fechou a moto e ele acordou no hospital, os médicos cortando suas roupas, que vergonha quando a renda vermelha apareceu / Não era pra você achar essas fotos! / Da primeira vez, foi a esposa que pediu. Logo ele começou a vestir as calcinhas por conta própria. Ela enfiava a mão dentro da calça dele e falava: "minha putinha" / Morria de medo de que descobrissem / O destaque da coleção era a da Tônia Carrero / Com dez anos, da gaveta da irmã. O pai chegou em casa mais cedo. Mandou ele pôr sutiã também / Embaixo daquele terno, andando na Faria Lima, você nunca sabe o que pode encontrar.

3+4 linhas

DIA 11

Olho-me ao espelho e constato que jamais poderia ser actor de filmes pornográficos. Tenho demasiados pêlos nas costas

insónia

o primeiro calo que eu tive foi no dedo indicador da mão esquerda, de tocar flauta. depois tive calo na mão por tomar muito ônibus cheio, e por puxar ferro na academia, antes de usar as luvinhas; e já tive um calo interessante, na ponta do pai-de-todos, de tanto bater siririca. hoje tenho só um calo permanente no dedo de tanto escrever. acho que minha vida sexual agora é menos agitada mas eu sou mais satisfeita.

é bom? pra quem gosta...

9.1.09

Onde andará o H?

Não desejo retomar contato, mas tenho curiosidade. Convivemos dois meses num apartamento em Düsseldorf, com dois outros bolsistas de uma fundação para jornalistas de países em desenvolvimento. H. vinha do Benin. Tinha um metro e sessenta, era magro, um palito de fósforo. Tinha uma cicatriz de uns cinco centímetros em diagonal sobre o nariz, mas desconversava quando perguntávamos como a havia adquirido. H. havia estudado filosofia, gostava de Nietzsche e Camus. Um dia me emprestou O Mito de Sísifo. Isso foi um pouco antes de ele grudar em mim feito cocô em tamanco.

Começou uma noite, bem tarde. Eu estava lendo na cama e me deu vontade de tomar chá. Fui até a cozinha, de pijama mesmo, todos deveriam estar dormindo. Mas H. estava sem sono, e um pouco antes havia decidido ler na mesa da cozinha. Ele ficou muito feliz ao me ver com aquela camiseta surrada, que denunciava a falta de sutiã. A partir desse momento, H. falaria exclusivamente às minhas tetas.

H. estava na Alemanha havia mais tempo e, segundo nossa coordenadora, o desespero já havia tomado conta dele. As garotas, alemãs or otherwise, não lhe davam bola. Ainda segundo a coordenadora, H. tinha muita sorte com as mulheres em seu país porque era jornalista.

Me esquivava de H. como podia. Logo eu, cara? Olha pra mim.

Um dia, na rua, ele tentou pegar a minha mão. Queria andar de mãos dadas. Eu já estava tão cheia que pensava fazer o que minha educação, naquela época, não me permitia: dizer a verdade. O arco-íris de neon na minha testa não estava funcionando com o H.

Daí fomos viajar, todos os bolsistas. Uma semana em Weimar. Chegamos ao hotel e a coordenadora anunciou: havia uma sauna. Os alemães faziam sauna pelados, era a coisa mais normal e saudável. Ela estava muito empolgada com a ideia, insistia, vamos experimentar a sauna. Num momento a sós, lhe contei sobre H. Ela concordou que o melhor, no meu caso, seria manter as roupas.

Não demorou para H. ir ao meu quarto. Ele havia escrito um acróstico para mim. Em francês. Conversamos um pouco, ele cada vez mais romântico. Eu finalmente disse o grande deixa disso.

"Mas você me daria um beijo?", ele regateou. Eu disse que não, não e não e já fui abrindo a porta. Ele foi embora sorrindo.

Depois veio o check-out. Estava arrumando minha mochila quando H. bateu na porta. Esbaforido. Durante a semana, ele havia visto uns filmes na televisão, mas não sabia que eram cobrados. Vários filmes. Desses com mulheres. Em alguns minutos, a coordenadora descobriria tudo: que vergonha para os jovens jornalistas do Benin.

Perguntei se ele tinha trazido o cartão de débito. Fomos à recepção e pagamos a conta antes que a coordenadora chegasse. H. agradeceu, até me olhou no rosto. "You are a real friend." E foi isso.

No caminho a Düsseldorf, me depositaram, mala e cuia, em Bochum, onde ficaria dois meses, faria um estágio no jornal mais importante do vale do Ruhr e teria uma mosca de estimação, a Germanita.

Nunca mais tive notícias do H. Deve estar no Benin, cheio de livros do Nietzsche e do Camus, cheio de garotas. Não deve me googlar.

loop

doismile9

doissmirnoff

doisengov

doismilhões de dólares

doisjaneiros que o verão acabe tarde

doismiljobs

doismildelets no que se deve jogar fora

doismilmeadd que eu vou pra rua.

lost. pop.

Parece que respiram

Preste atenção nos mortos.

pêra d'agua

Bonequicha

Daí tem esse travesti que mora aqui perto do meu prédio. Não sei quão perto, mas chuto que é em um raio de 300 metros, se tanto. Eu moro na 304, ele* mora na 704. E você, que não conhece Brasília e a organização lógica - e uso o termo “lógica” aqui com certa liberdade - da cidade, fica se perguntando se a 704 não fica a 400 quadras da 304. Não, não fica. Apenas uma quadra separa a 304 da 704: a 504.

Mas enfim. Daí o traveco pega ônibus no mesmo ponto que eu. E da primeira vez que vi o travesti, só fui perceber que era um travesti bem depois quando já estávamos amarfanhados em um amasso violento, quando ele, ao meu lado na van que pegamos - ele para o Setor Comercial Sul, onde faz ponto, eu para a casa da patroa, pra bater meu ponto - pediu “Pára no semáforo aí” com uma voz masculina tremendamente cavernosa. Eu tinha sono no dia (muito sono), já estava escuro e tudo o que eu queria, ao entrar na lotação, era um lugar pra sentar e dormir até chegar na distante - e maldita - terra de Taguatinga. Se você não conhece taguatinga, acredite no que eu digo: você também não quer conhecer. Taguatinga é a sucursal do inferno, a versão terrena dos reinos do Capiroto, o círculo externo da estrutura concêntrica do reino das profundezas. Taguatinga é uma desgraça. Eu odeio taguatinga.

Mas enfim. Quando a van passou e o cara disse “W3 Sul, setor policial, comercial norte” tudo o que eu pensei foi “É nessa que eu vou”, e me referia à van, e não ao traveco. Até porque o traveco estava na outra ponta da parada e tinha recebido de mim um olhar bastante desdenhoso. Achei que era só uma mulher esquisita. Entrei na lotação, fui pro último banco e me aconcheguei lá, encostado na janela, agarrado à minha mochila, disposto a curtir o máximo possível o sono intermitente que teria nos próximos 45 minutos de duração da viagem cheia de solavancos até o portão de entrada do Hades. O que um homem não faz por amor…

Ao meu lado sentou-se um cara, ao lado dele o travesti que tomei por uma guria esquisita, como eu fui saber depois. Logo antes do Pátio Brasil, um shopping bem no começo da W3 sul, ouço uma voz de narrador de rádio-novela pedindo “Pára no sinal aí por favor!”. A van parou e a guria - que na claridade da van não parecia uma guria, em absoluto - desceu, enquanto eu agradecia internamente por toda a educação que minha vó me deu e que me mantém um cara invariavelmente sóbrio nesses 27 anos de existência.

A segunda vez que vi o travesti foi alguns dias depois, na mesma parada, quando eu esperava o mesmo ônibus para ir para a mesma taguatinga, que permanecia então (e permanece, ainda) a divisão de interação humana com o mundo das trevas. Eu estava encostado na parede esquerda da parada, ele estava na beira da pista. Além de nós dois, uma senhora aguardava sentada no banco e dois caras conversavam perto do “pirulito” (um pirulito é um cilindro de concreto com cerca de 2,5 metros de altura, feito para receber cartazes colados por gente porca que acha que parada de ônibus é lugar de colar cartaz e fazer publicidade, evitando, assim, que a papelada seja grudada nas paredes da parada - sem sucesso, é claro, já que as pessoas colam os cartazes no pirulito E na parada, mostrando que o espírito de porco publicitário está cada vez mais vivo e forte nos dias atuais).

Pois bem, uma van parou e o cobrador gritou o destino: W3 sul. O traveco se adiantou para entrar na lotação, o cobrador abriu a porta e desceu, dando espaço pra ele entrar. De sacanagem, o cara da van virou para os homens na parada e disse “Aí, a menina tá procurando namorado, ninguém se candidata, não?”. Eu ri. Um dos caras perto do pirulito não pareceu achar tanta graça e resolveu retrucar, respondendo o cobrador rispidamente:

- Se foder, mermão! Sai pra lá com essa porra. Quem gosta de macho é… é…… outro macho!

Quem gosta de macho é outro macho.

Mais de dois anos depois, ainda não entendi o que isso faz de mim!

utopia

7.1.09

desolador

acordou às 6h45 da manhã de segunda, dia 05 de janeiro de 2008, com muitas saudades do trema.

lostpop

QUIEN TE HA VISTO Y QUIEN TE VE:

Ter um filho é infinitamente melhor que beber copos

rititi

Responsabilidade ambiental

O aviso eletrônico na Rodovia dos Bandeirantes avisa...
"EVITE POLUIÇÃO, REGULE SEU VEÍCULO"

Eu eu imaginando...
'Ô, empresta o carro?'
'Não.'

Hein, hein?! Pegou? :)

palavras brutas

Fragilidade

Confesso que a fragilidade masculina me incomoda. Incomoda profundamente. No meu pequeno cérebro de caroço de uva, ainda persiste o Ideal do homem forte, inabalável e provedor. Sonho com o macho-alfa, forte e seguro como jamais nenhum ser humanos poderá ser. Um desfavor.

Por isso, me irrito bastante quando vejo uma demonstração de fragilidade masculina. O que aos olhos de algumas mulheres pode parecer “fofo” ou “sensível”, aos meus, soa como uma coisa negativa. Não é justo, eu sei, mas não consigo evitar. Será que sou apenas eu ou existem mais mulheres por aí que se aborrecem com essas demonstrações de fragilidade?

Pensando racionalmente, sei que é extremamente babaca querer que o outro não tenha nenhuma fragilidade, por isso, oficialmente, faço de conta que aceito numa boa, mas por dentro tem aquela voz que fica “afeeee que viadeeeenho!”. O curioso é que aparentemente eu atraio os tipos mais sensíveis. Maldita complementariedade, sempre ela.

Cinco demonstrações de fragilidade masculinas que me aborrecem profundamente:

CHORAR EM FILME – Acho feio homem chorando em filme. Não se trata do velho “homem não chora”. É uma versão machista light: “homem só chora por coisa importante”. Pode chorar se morrer alguém, se brigar comigo (sim, eu me acho importante) ou se sentir muita dor. Eu sei que é babaca se importar com isso, mas o “pacote” que vem junto com um homem que chora vendo filme geralmente é incompatível comigo, então, quando vejo isso acontecer, acende uma luz vermelha de alerta.

Caso concreto: Estava eu com um namorado abraçada na cama vendo o desenho “O Rei Leão”, da Disney. Chega a maldita cena em que o pai do Simba morre. Percebo que o Zé Ruela está DURO (sem trocadilhos, infelizmente). Olho para o Zé Ruela e vejo seus olhos cheios de água. Ele percebe que eu vi e abre bem os olhos para evitar que a primeira lágrima caia. Eu pergunto “Você está chorando?”. Ele, sem conseguir abrir a boca, faz que não com a cabeça e esbugalha ainda mais os olhos. Cai a primeira lágrima. Ele, em vez de ficar calado, estufa o peito e diz “Eu não estou chorando!”. Fiquei puta e respondi “Agora você mija pelo olho?”. Longo silêncio chato.

FOBIAS DE ANIMAIS – Claro que homem pode ter medos e fobias, mas a forma como ele as demonstra é que me broxam. Faniquito, chilique, ataque histérico, gritaria e similares me irritam. Até para ter medo tem que saber ser macho.

Caso concreto: Tive um namorado que tinha pavor de barata. Curiosamente eu não tenho o menor medo de barata. Quando aparecia uma barata ele saia correndo, literalmente. Às vezes gritava e corria. E eu matava a barata. O fundo do poço foi quando apareceu uma baby baratinha no chão da nossa cozinha e Madame subiu em um banquinho e ficou gritando para que eu mate. Sim, amor acaba. Uma vez ele me viu jogar fora o cadáver de uma baratinha pela antena e ficou o resto do dia sem encostar em mim: isso, para mim, é atitude de mulher!

MEDO DE PORRADA – Não sou louca de instigar a violência física, muito menos quando sei que meu querido vai apanhar. Mas quem mora no Rio de Janeiro sabe que existem situações onde ela pode ser necessária. Não gosto de ver namorado meu brigando, acho que tem que ser o último dos recursos, mas peidar para uma briga necessária é vexame. Tem horas em que não dá para fugir.

Caso concreto: Estava eu, vestida com uma roupa muito comportada (calça jeans, blusa sem decote) andando de mãos dadas com meu então namorado em um local movimentado, quando um elemento (bêbado, imagino) se aproxima e fala “Mas você é uma delícia, hein?” no meu ouvido. Chato. Muito chato. Mas até aí, não precisava porrada. Meu então namorado diz para o sujeito “Não está vendo que ela está comigo?” e o sujeito diz para mim “Larga esse BOSTINHA e vem dançar comigo, Gata”. Chato. Muito Chato. Mas até aí não precisava porrada. Fui saindo de perto e puxando meu namorado e quando estávamos indo embora, o sujeito passou a mão na minha bunda e disse “Gostosa!”. Chato. Muito chato. Já dava para dar uns petelecos nele. Mas o sujeito era muito forte, então, até dava para entender a inércia contemplativa do meu então namorado, que apenas virou e disse “Dá um tempo!” para o sujeito. Foi quando o sujeito respondeu um “Cala a boca seu merda!” + deu um pescotapa na nuca dele + cuspiu na cara dele. Nesse ponto eu acho que porrada seria uma solução saudável, somando o conjunto de desfavores ocorridos. Mas o Zé Ruela afinou, olhou para baixo e saiu praticamente correndo do lugar. Todo cuspido.

MEDINHO – Aqui se aplica o mesmo que eu disse a respeito da fobia de animais. Pode ter, mas o que me mata é a forma como isso é demonstrado. Medo de avião, injeção, ET, fantasmas, raios, altura, escuro, etc.? Super normal. Gritar histericamente? Feio. Segura o rojão, se controla e sofra com dignidade. É um ônus por ser homem, ter que segurar a onda na hora de dar piti. Sorriam, vocês mijam de pé e não tem que parir nem se depilar.

Caso concreto: Namorado com medo de sangue. Eu me machuco e preciso ser levada ao hospital. Grito por socorro e ele aparece, quando vê o sangue, sai correndo. Vou atrás dizendo que realmente estou precisando de ajuda. Ele se tranca no banheiro de tanto medo de ver sangue e fica gritando lá de dentro que ELE está passando mal, que ELE vai desmaiar. Vou ao hospital de táxi, sozinha.

VÍCIOS – Odeio pessoas escravas de vícios. Vícios todos nós podemos ter, mas ser escravos deles é uma questão de entrega. Não respeito uma pessoa cuja fragilidade é mais forte do que ela mesma e determina suas escolhas de vida, contra a sua vontade. Escravos de vícios que permitem que suas vidas sejam limitadas por esse vício me irritam.

Caso concreto: Zé Ruela prometendo que vai parar de fumar. Diante da minha cara de dúvida, Zé Ruela, em um surto de coragem, joga fora todos os cigarros da casa e diz que parou. Comprei adesivos de nicotina para ele, mas ele disse que não precisava disso, que tinha “força de vontade”, em um surto de arrogância. A convicção durou poucas horas. Naquela noite Zé Ruela andava de um lado para o outro sem parar, feito leão de zoológico. Levantei no meio da noite para beber um copo de água e vi uma cena inesquecível: Zé Ruela cheio de adesivos de nicotina pelo corpo, (aqueles que ele disse que não precisava) LAMBENDO o último que tinha sobrado (porque não tinha mais área livre para colar).

sally surtada

dia rosa, de noel

ela não é pra você, rapaz. gosta de novela, samba, futebol, cerveja, arroz, feijão, bife e batata frita. moça de família, italiana e baiana. tem medo de perder o emprego, de engordar e da inveja. nunca faltou no curso de datilografia. sonha em casar e ter filhos. e gostaria também de parar de fumar. ajoelha-se toda sexta-feira e pede perdão pelos pecados que não cometeu.

superlativa

sabe aquele cara de quem eu gosto que ainda mora com os pais? então, me disseram que ele é gay - e na hora a minha reação foi de que bobagem, é só o cara ter um 'jeitinho' que o povo já rotula etc e tal, mas agora tou meio achando que ele é mesmo. Não que não tenha gay homofóbico nem héteros sensíveis, mas acho que a pessoa tem muito mais chance de problematizar a posição hegemônica se estiver fora dela. é como se fosse bom demais pra ser verdade, que um homem hétero, na posição mais confortável que pode haver, seja tão feminista, engajado, interessado, sensível e esperto com essas coisas.

além do quê, se ele for gay é ótimo pro meu ego, já que, apesar de ser um amor e sempre me tratar muito bem, ele nem uma vezinha sequer esboçou me olhar como quem olha pra algo remotamente comível.

pra quem gosta

4.1.09

Feliz Acordo Ortográfico

Adeus hífen velho, feliz cancro novo... Ah, o acordo ortográfico! Que coisa maravilhosa, quase tenho uma combustão espontânea toda vez que a TV me inunda com os detalhes... sem dúvida que a história de nosso país está mudando em definitivo com essa importante iniciativa. Deco, Ânderson, Cristiano Ronaldo, Padre Vieira: todos eles se mostraram empolgadíssimos com o fim do trema e das entrelinhas, e já estão na fila pra se naturalizar.

Afe. Mas com sorte o dia 2 chegará, e as velhas e falsas matérias sobre transferência de jogadores, metempsicose e congêneres deverão tomar as páginas do jornal... São os meus votos pro ano-novo.

- Abecê, abecê: toda criança tem que ler e escrever...

DIA 3

Não me exijas tanto. O mundo só mudou há dois dias.

insónia

3.1.09

Como eu não escrevo nada aqui há dias, vou recompensar a galera fazendo uma cobertura em tempo real do último dia do ano.

00:00 - convidei uma pessoa que nunca vi na vida para dar um pulo aqui e trazer bebida. tem tudo para dar certo. ele tem até 00:30 para chegar.

00:09 - ele ainda não chegou e a cerveja/vinho já está batendo. trilha do momento: total eclipse of the heart. se até meia-noite e meia ele não chegar eu vou dormir.

00:16 - se você está ESPERANDO ALGUÉM ouvindo WHITNEY HOUSTON, não tem como o dia acabar bem.

00:28 - ok, chegou. vou me atualizar na baixaria.

00:44 - que?

01:08 - bem bebada, mas nao seria polida com as visitas ir dormirl.

01:59 - e essa geladeira que nao gela?????/

15:52 - bom dia.

16:38 - na cama ainda. tá difícil existir. meta para 2009: transplante de fígado e/ou parar de beber, o que for mais conveniente.

16:42 - na verdade eu acho que metade dessa AGONIA deve ser fome. será que se eu ligar em um delivery e disser "ops, esqueci que não tinha dinheiro" quando a entrega chegar eles levam a comida embora? eu posso também dar o golpe do cartão (COMO ASSIM NÃO AUTORIZADO?) na padaria, mas e a vontade de me vestir e andar uma quadra inteira?

16:45 - ok, golpe do cartão na padaria it is. só preciso levantar. como é esse negózdi andar mesmo?

16:57 - poxa, é só FICAR EM PÉ. não pode ser tão difícil assim, meu deus.

17:54 - fui para a padaria e esqueci que tava rolando são silvestre. tive que esperar todo mundo passar para conseguir atravessar a consolação. e alguém poderia explicar POR QUE DIABOS tem uma galera que fica ali assistindo? com pompom e buzininha e espuminha? vai pra casa dormir, minha gente.

18:18 - esse último episódio de Will & Grace é uma merda. Vou voltar pra cama que ganho mais. Se bobear, acordo em 2009.

21:22 - acabei de acordar do segundo cochilo do dia. como você pode perceber, minha vida é FRENÉTICA. e depois ainda perguntam por que eu não atualizo o blog com mais freqüência.

21:23 - procurando banho+ sal grosso + fartura no google.

21: 25 - Ferva água e coloque folhinhas de arruda, alecrim, manjericão, malva-rosa, malva-branca, manjerona e vassourinha para o seu banho. Espere esfriar e jogue a água sobre sua cabeça. Que diabos é vassourinha?

21:30 - desisto. onde eu vou achar alfazema ou noz moscada essa hora da noite?

(...)

Lá pelas dez da noite eu apaguei o post sem querer, culpa do espumante de oito reais. Passei a virada pelada tomando banho de sal grosso com uma lata de cerveja na mão, praticamente uma cerimônia de renascimento. Morreu a Polly pobre e nasceu a Polly rica. 2008 foi um ano a prova de merda, absolutamente tudo que eu fiz deu certo, mas 2009 vai ser o ano do dinheiro.

Agora já é quase dia 2 e consegui recuperar o post no cache do google. A nata do funk canta no Superpop e um gato tenta mastigar meu calcanhar.

Feliz ano novo.

ressaca eterna

Guia simplificado para reforma ortográfica

Enrolado, como eu, com as mudanças na grafia de palavras? Aqui vai o guia definitivo:

1) Não use mais trema: linguiça, entregue, frequentar, etc.

2) Assuma a idade e continue escrevendo todas palavras como fazia antes. Você está oficialmente ultrapassado.

mais um serviço de utilidade pública crisdias.com.

Bom título para um post que não este: "Recensão económica"

A certa altura da minha carreira tentei fazer uma doação ao mundo (como a Melinda e o Bill Gates): explicar que a bicicleta em Lisboa é e será sempre um meio de transporte para a minoria residente que seja saudável, jovem e fisicamente afinada.

Tentei alertar para a desinteligência e desrespeito económicos que representa a tentativa de "promoção" de hábitos que as pessoas não têm através do recurso a investimentos públicos de lógica centralista, principalmente quando isso é feito às custas do que é verdadeiramente prioritário e em nome de uma das demagogias potencialmente mais perniciosas que hoje existe: o ambiente (bla, bla, bla, vocês sabem do que eu estou a falar).

Nos últimos dias tele-fotografei um angustiante exemplo da facilidade com que o essencial, justo e urgente submerge o acessório apenas porque este último condiz melhor ou com o "ambiente" do eleitorado jovem (os jovens são o futuro) ou com as angustias específicas da elite intelectual.

Um dos obstáculos que tenho que ultrapassar na viagem que faço todos os dias é a Linha de Cascais. Ainda sou do tempo em que aquilo era uma passagem de nível com guarda, e lá ficaram alguns que eu vi. Aqui há uns 11 anos fecharam aquela inanidade e colocaram uma ponte metálica, que sobrevive com dignidade até hoje. Para além de uma cobertura de alcatrão e areia para evitar patinagens artísticas desnecessárias, aquilo é uma estrutura que não precisa de manutenção para cumprir a sua função: transportar pessoas que andem pelo seu próprio pé do lado do lado do rio da Linha de Cascais para o lado interior: Av. Brasilia, Av. da India, Rua de Belém, Ajuda e Junqueira.

Sim, ouviram bem, pessoas que andem pelo seu próprio pé: mães com carrinhos de bebé ou pessoas em cadeira de rodas só podem ultrapassar essa barreira arquitectónica (não é assim que agora se diz?) recorrendo à ajuda de um macho alfa ou indo a pé até ao Cais do Sodré, que é onde a Linha de Cascais deixa de existir e, portanto, se pode passar para o lado de lá sem subir escadas. Pessoas em cadeira-de-rodas penso que não se aventuram sozinhas para aquela selvajaria, mas moças carregadas de filhos já eu vi ali vezes sem conta à espera que alguém aparecesse que as salvasse da prisão costeira em que estavam.

Mas pronto, na maioria aquilo é pessoal desprevenido, que só retornará se estiver a fugir de uma alcateia de lobos. Mas eis que a 23 de Dezembro vejo uns senhores armados de maçaricos e de calhas metálicas a trabalhar na minha ponte pedonal... Pensei: um equipamento para deficientes?, uma estrura universal para carrinhos de bebés?, apoios para uma rampa exterior?. Não, que disparate.

Isto é...

Uma calha para bicicletas, meus amigos, uma puta de uma calha para bicicletas! Um gajo que chega àquele deserto humano (que vem das alturas do Alto da Ajuda, por exemplo, que não mora ali mais ninguém) de bicicleta, como todos sabem, é um gajo com enorme dificuldade em subir a merda de umas escadas com o caralho da bicicleta de cromio-molibdenio-niquel às costas (vivemos todos em vivendas com quintal, como se sabe); é uma pessoa fisicamente diminuída que precisa de ajuda para subir trinta degraus em três lanços de dez separados por plataformas de descanso; inclusivamente as bicicletas não estão preparadas para serem transportadas à mão, são objectos que nunca ninguém levanta acima da cabeça para as transportar no carro.... o que é esta merda?

Sabem os responsáveis por esta merda a quantidade de tralho que esta putice vai provocar de manhã à noite quando o pessoal entope estas escadas na chegada dos comboios ou do barco? Sem a cona da mana da calha já andamos ali todos apertados e aos tropeções, como é que vai ser agora? Quem é que vai ser o responsável pela primeira pessoa que rasgar as costas ou o pescoço naquelas duas lâminas? Uma empregada de limpeza de um Centro Comercial que não ponha um sinal de amarelo radioactivo a indicar "chão húmido" pode ser despedida, aqui poêm-me uma armadilha camuflada a todo o comprimento de umas escadas que fazem a ligação entre três meios de transporte público e por causa da merda do CO2 está tudo bem, é isso?

Eu pergunto: para quem é esta merda, cona da mana? Ando por ali há década e meia: por ano, quantas pessoas vejo transportar a bicicleta nesta ponte pedonal? 20, 30, no máximo. E quantas vejo em dificuldades para faze-lo? Como é óbvio, zero.

O que é aquilo? Para quem é isto, por favor, expliquem-me, para quem? Quem é que pensou: "Nã, isto aqui está mesmo é a precisar de uma calha para transporte de bicicletas"? Quem? Quem? Ãh? Quem foi o filho da puta? Eu vou-lhe aos cornos, caralho, eu parto-lhe as ventas ao pontapé.

Isto só é possivel, e eu não consigo de deixar de me repetir, porque vivemos num ambiente político que, primeiro, confunde ecologia, sustentabilidade e qualidade de vida com ideologia e esquemas universais de governação do mundo (quando formos todos irmãos e o caralho), segundo, que finge (ou acha mesmo, o que ainda é pior) ser possivel aliar os valores conservacionistas e progressistas sem se ser também, e até ao tutano, economicista.

a causa foi modificada